Campinas (SP), maio 2024 – A sétima edição do Simpósio de Engenharia Ferroviária (SEF) teve início no dia 13 de maio, segunda-feira, ocupando dois auditórios no Centro de Convenções da Unicamp. A tradicional exposição de pôsteres, pela primeira vez, teve um auditório exclusivo. O espaço reuniu 20 pôsteres referentes às mais recentes pesquisas a respeito do transporte sobre trilhos. Estes trabalhos serão destacados nos anais online do SEF, com direito ao Digital Object Identifier (DOI), um importante identificador digital de produção bibliográfica.

No auditório dedicado às palestras, a Comissão Organizadora do SEF deu as boas-vindas aos participantes e convidou o secretário geral da Associação Latino-Americana de Ferrovias (ALAF), Eng. Jean Pejo, para a palestra de abertura. Pejo chamou a atenção para crise humanitária no Rio Grande do Sul e enfatizou a contribuição do transporte ferroviário para a recuperação da região. Durante a apresentação, o engenheiro ainda abordou a importância dos incentivos governamentais para a alavancagem da infraestrutura ferroviária, evitando que somente as empresas assumam os riscos desse negócio.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER) e da Associação Brasileira de Ensaios não Destrutivos e Inspeção (ABENDI), membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social e Sustentável do governo Federal, Vicente Abate, destacou a recuperação do setor, saindo da fase crítica de paralisação da indústria. De acordo com Abate, toda a cadeia está se movimentado para a expansão da malha ferroviária, com mais de 5 mil km. A previsão, explica Abate, é aumentar a participação do transporte ferroviário de 27% de para 40% até 2035.

Em seguida, o primeiro palestrante internacional, diretor global de soluções ferroviárias na Plasser American e na Plasser & Theurer, Richard Stock, “State-of-the-art on wheel-rail contact research”. Membro do International Collaborative Research Initiative (ICRI), uma rede colaborativa de âmbito global dedicada à pesquisa, Stock compartilhou os desafios das pesquisas sobre interação roda-trilho, o que inclui desde a captação de dados até o uso da inteligência artificial.

Na sequência da programação, “Detecção prematura de danos em ponte ferroviária treliçada com base em um sistema de monitoramento embarcado e na aplicação de metodologias de IA”, apresentada por Cassio Scarpelli Cabral de Bragança, e “Avaliação do emprego de misturas do tipo solo-brita para camadas de sublastro de ferrovia heavy haul”, apresentada por Camila Antunes Martins, foram as duas sessões de trabalhos técnicos dedicadas à temática under rail.

A apresentação dos resultados gerais da cátedra Under Rail foi conduzida, pela Professora do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Dra. Rosangela Motta. A professora destacou que a Cátedra tem 19 projetos em andamento tanto na Estrada de Ferro Carajás (EFC) como Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), nos eixos temáticos riscos geotécnicos, linha férrea, pavimento, materiais de via permanente e inspeção. A professora ressaltou que as pesquisas são realizadas nos laboratórios e em campo para aferição dos dados nas ferrovias agregando resultados como a definição de módulo de via na EFVM e na EFC, a troca de palmilhas rígidas por soluções resilientes, entre outros ganhos práticos.

A programação do período da tarde teve início com a apresentação dos trabalhos. Os congressistas puderam conhecer os trabalhos e tirar dúvidas com os respectivos pesquisadores no auditório dedicado à divulgação das pesquisas conduzidas pelas cátedras dedicadas ao transporte sobre trilhos. Na sequência, engenheiro da Rumo, Maurício José de Paiva Salomão, destacou o protagonismo das pessoas no sucesso da operadora.

Mesa-redonda debate a importância dos investimentos para inovação nas ferrovias

A mesa-redonda foi o ponto alto da agenda do período da tarde, com o tema “Novos investimentos e recursos para pesquisa, desenvolvimento e inovação na área ferroviária”. O assunto foi tratado pela Dra. Anapatrícia Morales Vilha (FAPESP), Edson José Dalto (BNDES), Lívia Maria Tiemi Fujii (ANTT) e Osório Coelho (MCTIC).

A primeira a tecer considerações foi a Dra. Anapatricia, ao defender os incentivos fiscais na contratação de professores, de testes, entre outros com investimentos obrigatórios, como aqueles estabelecidos por órgão regulatórios, além dos fomentos diretos, como capital de risco, recursos reembolsáveis ou não. Ela ainda destacou o apoio às startups desde a fase 1 com projetos de até nove meses e subsídio de R$ 300 mil, projetos fase 2, com até 2 anos de vigência, com recursos de R$ 500 mil, e por último, fase 3 com a Finep e o Sebrae como recursos para fomentar a inovação no setor.

A segunda participante da mesa-redonda a fazer considerações foi Lívia Maria Tiemi Fujii, enfatizando as políticas públicas desde os investimentos cruzados às renovações antecipadas. Ela destacou as expectativas otimistas com os Recurso para Desenvolvimento Tecnológico (RDT) para prever novos investimentos em pesquisas no transporte sobre trilhos.

O engenheiro, Edson José Dalto, tratou do apoio do BNDES às empresas de inovação, como foco em grandes projetos, como é a vocação do órgão. Ele estimou recursos da ordem de R$ 10 bilhões até 2025, sendo até R$ 2 bilhões do próprio banco para financiar projetos de ferrovias. Ele explicou que o banco tem trabalhado com debentures incentivadas de infraestrutura e com novas fontes de energia no transporte ferroviária, visando a redução de emissões de gases causadores do efeito estufa. Dalto citou outras fontes de recursos como Financiamento a Empreendimentos (FINEM), dedicados a projetos grandes, para empresa com tíquete médio de R$ 20 bilhões, além do Finame Direto, em que a empresa pode captar recursos diretamente com o BNDES, como instrumentos de apoio à inovação.

Osório Coelho focou sua apresentação no Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), um instrumento financeiro de integração da ciência e tecnologia com a política de desenvolvimento nacional. O transporte sobre trilhos é um dos beneficiários dos recursos do FNDCT. Além dos instrumentos financeiros, ele destacou as parcerias com os startups para catalisar a inovação nas empresas.

A mesa-redonda recebeu perguntas dos congressistas e da organização do Simpósio, enriquecendo a troca de informações. Logo em seguida, a seção de trabalhos da cátedra de Logística e Operações Ferroviárias contou com duas apresentações, sendo uma sobre “Análise da Aplicabilidade das Especificações Técnicas Mínimas de Manutenção nos Novos Contratos de Concessão”, conduzida por Juliano Dias, e outra dedicada à “Análise da sustentabilidade e eficiência operacional no transporte ferroviário de minério de ferro: um estudo de caso na Estrada de Ferro Vitória-Minas”, realizada por Taiane do Carmo Natalino Moraes.

Coube a esta Cátedra o encerramento das atividades do primeiro dia do VII Simpósio de Engenharia Ferroviária. O professor Dr. Luiz Antônio Silveira Lopes compartilhou os conceitos que nortearam a criação dessa frente de estudos e os desafios relacionados ao aperfeiçoamento do centro de controle operacional e à interface de comunicação com outras empresas do setor.

Parceria com empresas e órgãos setoriais

O VII Simpósio de Engenharia Ferroviária conta com a parceria de fabricantes e operadoras de renome no setor ferroviário mundial, como VALE, RUMO, MRS, LORAM, GREENBRIER-MAXION, AMSTED-MAXION, AMSTED RAIL, FRAS-LE e com apoiadores como a Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas (ABCM), Associação Brasileira da. Indústria Ferroviária (ABIFER), Asociación Latinoamericana de Ferrocarriles (ALAF), Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (SIMEFRE), Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE-BRASIL).

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Envio de trabalhos

O envio de trabalhos está encerrado.

Serão aceitos artigos de cunho técnico-científico que demonstrem avanços expressivos para a engenharia ferroviária brasileira em quatro eixos temáticos:

  • Vagões;
  • Roda-trilho
  • Under rail
  • Logística e Operações ferroviárias

 

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Vicente Abate

Vicente Abate é residente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária – ABIFER e da Associação Brasileira de Ensaios não Destrutivos e Inspeção – ABENDI, membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social e Sustentável.

É Engenheiro Metalurgista formado pela Escola de Engenharia Mauá, pós-graduado em Tratamento Termomecânico de Metais pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Possui MBA em Marketing pela FGV-SP e Babson College dos EUA, além de PDE (Programa de Desenvolvimento Estratégico) na Fundação Dom Cabral. É consultor da Greenbrier Maxion e da Amsted Maxion, diretor de diversas entidades setoriais, entre elas o SIMEFRE, e conselheiro de importantes associações do setor da mobilidade, como a ANPTrilhos.