O monitoramento das condições dos sistemas ferroviários é fundamental para garantir segurança, confiabilidade e eficiência no transporte ferroviário. Nessa linha, o professor Guilherme Fabiano Mendonça dos Santos da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), apresentou na última edição do Simpósio de Engenharia Ferroviária o trabalho intitulado “The role of data quality for instrumented railway vehicle data”, produzido por ele e pelos coautores professor Auteliano Antunes dos Santos da UNICAMP e doutorando em Engenharia Mecânica pela Unicamp, Arthur Cancellieri Pires.

A utilização de veículos ferroviários instrumentados (IRVs) na ferrovia em estudo, possibilitou o monitoramento da qualidade da via por meio da medição da resposta dinâmica do veículo em relação às excitações geométricas da via. A partir desta resposta, é possível inferir a qualidade da via ou a ocorrência de defeitos. Porém, para iniciar o processo de detecção de danos, é necessário ter dados de alta qualidade. Fornecer dados de baixa qualidade aos modelos utilizados para classificar o tipo de defeito ou sua gravidade pode levar a classificações incorretas e a conclusões perigosas. Portanto, é importante considerar uma verificação da qualidade dos dados que antecede a detecção de danos.

Veículo ferroviário instrumentado.

O artigo apresenta os desafios encontrados durante o início de um projeto desenvolvido em uma ferrovia brasileira para monitorar a qualidade dos trilhos a partir de dados do IRV. Cerca de sete meses de dados foram coletados de dois veículos ferroviários instrumentados (IRVs) para quantificar a qualidade da via em 2022. A Figura destaca as localizações dos sensores. Ao analisar os dados, foram identificados três problemas diferentes de qualidade dos dados:

1. Dados inúteis foram capturados quando o IRV estava parado, resultando em uso desnecessário de memória;

2. O sistema de medição estava sendo fornecido com energia inadequada, resultando em dados não confiáveis;

3. Falha na detecção de sensores quebrados, resultando em manutenção e métricas de qualidade de rastreamento imprecisas.

As principais recomendações deste estudo incluem:

• Possuir um sistema de monitoramento para monitorar diariamente os IRVs para detectar rapidamente defeitos que possam ocorrer no sistema de instrumentação;

• Possuir um sistema de alerta para detectar quando um sensor está quebrado através de um limite (150 mm neste caso);

• Monitorar o fornecimento de energia do sistema de medição para detectar tendências crescentes e decrescentes e utilizar um limite para sinalizar medições não confiáveis para remoção futura (abaixo de 10,5 V neste caso). Isto também é útil para identificar falhas no sistema de geração de energia.

• Certifique-se de ter um algoritmo que desligue o sistema de medição enquanto o vagão estiver parado de maneira oportuna e eficiente. O temporizador de corrente utilizado para este fim pode beneficiar da diminuição do limite de corrente.

Para mais informações acesse o artigo na íntegra em:

https://proceedings.science/sef/sef-2023/trabalhos/the-role-of-data-quality-for-instrumented-railway-vehicle-data?lang=pt-br

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Vicente Abate

Vicente Abate é residente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária – ABIFER e da Associação Brasileira de Ensaios não Destrutivos e Inspeção – ABENDI, membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social e Sustentável.

É Engenheiro Metalurgista formado pela Escola de Engenharia Mauá, pós-graduado em Tratamento Termomecânico de Metais pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Possui MBA em Marketing pela FGV-SP e Babson College dos EUA, além de PDE (Programa de Desenvolvimento Estratégico) na Fundação Dom Cabral. É consultor da Greenbrier Maxion e da Amsted Maxion, diretor de diversas entidades setoriais, entre elas o SIMEFRE, e conselheiro de importantes associações do setor da mobilidade, como a ANPTrilhos.